terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Entrevista: Olavo Luis dos Santos



Primeiro dia de funcionamento do Clube de Xadrez de Barra do Garças
Em pé da esquerda para direita: Eu, Mauro, Sidnei, Wendel e Kozo.
Sentados da esquerda para direita: Juarez e Dayrone.
(By Olavo Santos)

XC - Xadrez Cuiabano) Por favor Olavo, apresente-se, fale como é Barra do Garças e onde é possível encontrar Xadrez:


OS - Olavo Santos) Olavo Luís dos Santos, 34 anos, natural de Brasília-DF, residente em Barra do Garças - MT, casado, pai de duas filhas maravilhosas (Luisa e Gabriela), farmacêutico-bioquímico formado em Ribeirão Preto-SP (UNAERP), pós graduado em Farmácia Clínica (PUC-GO), proprietário e responsável técnico da Farmácia BioBarra Ltda desde 2002.
Para quem ainda não teve o prazer de conhecer, a belíssima cidade de Barra do Garças fica a aproximadamente 500 km de Cuiabá.  O singular Rio Araguaia é a fronteira que divide Mato Grosso de nosso estado vizinho Goiás.  Somos 3 cidades co-irmãs divididas apenas pelas 2 pontes existentes. Aragarças no estado de Goiás, Barra do Garças e Pontal do Araguaia no estado de Mato Grosso. Além das lindas praias formadas pelo Araguaia, nossa região ainda dispõe de formosas cachoeiras na Serra Azul e um manancial de águas termais muito bem estruturado.
Os encontros dos enxadristas de nossa cidade são sempre aos sábados a partir das 16 horas na sede do Clube de Xadrez de Barra do Garças. O clube fica localizado na região central de nossa cidade, na Rua Presidente Vargas, 802, segundo piso do Labvita/Clinvita.

XC: Como foi o seu início no xadrez, os seus primeiros lances?
OS: Meu primeiro contato com o xadrez foi aos 12 anos quando aprendi o nome, movimento e posição das peças no tabuleiro com um tio. Depois disso com 13 anos comecei a jogar mais frequentemente com um professor de matemática e seu filho. Quando completei 14 anos ganhei de aniversário um jogo de peças e tabuleiro de madeira tamanho oficial do meu querido pai. Presente que guardo até hoje com muita satisfação. Como naquela época o xadrez era pouco difundido acabei perdendo a motivação e jogava só esporadicamente. Em dezembro de 2009 tive a grata satisfação de encontrar meus amigos enxadristas em Barra do Garças (Dayrone, Juarez, Kozo, Mauro e Sidnei) numa escolinha de xadrez na AABB de nossa cidade. Foi a partir daí que realmente comecei minha caminhada enxadrística.

XC: Quais benefícios o xadrez já trouxe para Você?
OS: Percebo uma melhora na minha tolerância e no meu raciocínio, mas o principal benefício foi a melhora na minha qualidade de vida. O xadrez me ensinou a evitar os excessos. 

XC: Você já tem rating fide (1635), jogou diversos torneios em 2010-2011, por exemplo em Jataí, Cuiabá, Rio de Janeiro, Brasília e Goiânia. Como foi o nível de cada torneio e o que achou de jogar torneios valendo para cálculo de rating fide?
OS: Todos os 10 torneios que participei até hoje foram de alto nível (2 torneios em 2010 e 8 torneios em 2011). Estudos diários de xadrez associados à participação em torneios pensados é a melhor forma de evoluir no xadrez.

XC: Em 2012, quais os projetos, pretende continuar disputando grandes torneios?
OS: Com certeza irei continuar disputando torneios. Estou de olho no calendário dos torneios na CBX para ver quais torneios participarei este ano. Só não iniciarei este ano minha participação em torneios no Brasileiro Amador de Goiânia agora em fevereiro de 2012, porque já tenho uma viagem marcada para esta data.

XC: Como foi jogar o Torneio CONTAUD, em Cuiabá/MT?
OS: Gostei muito de poder participar do CONTAUD 2011, tinha muito tempo que minha família e eu não visitávamos Cuiabá. Visitar nossa capital e conhecer os enxadristas de Cuiabá e região foi muito prazeroso. Espero em 2012 poder participar do CONTAUD e de outros torneios em Cuiabá e região. Quem sabe não organizamos um na Chapada. Seria muito bom participar de um torneio lá.
Olavo Santos (MT) x Julio Eimard (MG); na disputa da 3a. Rodada do
Contaud 2011, em Cuiabá.

XC: O que é preciso para aumentar o rating?
OS: Muito dedicação, estudo, treinamento e participação em torneios.

XC: Quais as principais conquistas em sua carreira de enxadrista?
OS: A oportunidade de fazer novas amizades ou reencontrar os companheiros de tabuleiro no clube de xadrez e também em cada novo torneio disputado. Para mim é muito gratificante.

XC: Qual o seu principal objetivo no xadrez?
OS: Continuar disputando torneios para melhorar meu nível no xadrez e conhecer novos lugares, novos enxadristas, rever os enxadristas amigos. Praticar o que costumamos dizer por aqui de xadrez turístico. Outro sonho é conseguir realizar um Aberto do Brasil em Barra do Garças.

XC: Como é o Clube de Barra do Garças/MT? E quantos enxadristas assíduos temos por lá?
OS: Um clube pequeno que nasceu da vontade de enxadristas apaixonados pelo nosso esporte. Somos 12 enxadristas assíduos (6 adultos e 6 sub-18), mas existem alguns companheiros que aparecem quando podem elevando para aproximadamente 18 o número de participantes em nosso clube.

XC) Quais os principais torneios que rolaram pelo CXBG em 2011? Quem organiza os torneios?
OS: O Circuito de Xadrez de Barra do Garças é o principal torneio que realizamos no nosso clube. São 6 torneios disputados durante o ano valendo rating local. Cada torneio é disputado em 5 rodadas pelo sistema suíço e o tempo de reflexão é de 21 minutos nocaute. Também já pelo segundo ano consecutivo temos a parceria com a Escola Estadual Antonio Cristino Côrtes e realizamos anualmente o Torneio Xadrez das Cores.

XC: Como foi a idealização do Projeto dos Torneios Xadrez das Cores?
OS: O projeto é de autoria do Professor Júlio, professor da disciplina de matemática e de xadrez na Escola Estadual Antônio Cristino Cortes. O Clube de Xadrez de Barra do Garças é parceiro do Professor Júlio neste projeto.

XC: Quem é o melhor enxadrista de Barra do Garças? Porque ele se diferencia dos demais?
OS: Se analisarmos pelo rating local o Dayrone Soares tem melhor desempenho. Porém, na minha opinião, o Sidnei Juliani está um pouco a frente de todos nós por ter mais experiências e ser um jogador mais completo, principalmente em torneios. Na última etapa de nosso circuito ano passado tivemos também uma grande participação do enxadrista Kozo Inada que foi o grande campeão da etapa invicto. No aberto do Brasil de Jataí de 2011, Mauro Raggioto, disputou seu primeiro torneio FIDE e também teve um grande desempenho.

XC: O que é necessário fazer para o Xadrez de Barra do Garças se desenvolver ainda mais?
OS: Apoio e parceria dos governantes e empresas privadas de nossa cidade e criação da Federação Matogrossense de Xadrez.

XC: É possível mensurar a ausência da Federação Matogrossense de xadrez nesse desenvolvimento?
OS: Com certeza a ausência da Federação Matogrossense é um fator determinante para a diminuição do crescimento e desenvolvimento do xadrez em nossa cidade e em nosso Estado. Se tivéssemos uma Federação com certeza já teríamos um grande parceiro para nos ajudar a difundir o xadrez matogrossense.

XC: O CXBG lançou recentemente o Rating de Barra, como foi esse início, alguma resistência? E, também, recentemente, os Cuiabanos iniciaram o cálculo de rating Estadual, tanto rápido quanto pensado. Como vê essa iniciativa? Seria interessante a possibilidade da realização de Torneios em Barra do Garças com vínculo ao rating estadual?
OS: O cálculo do rating é importante porque estimula os enxadristas a estudarem e treinarem mais para melhorar o desempenho em torneio e consequentemente melhorar seu rating local, estadual, CBX e FIDE. Seria um grande estimulo para o desenvolvimento do xadrez de nossa região um torneio em nossa cidade valendo rating estadual.

XC: Olavo no Mato Grosso todos sabem que Você possui um blog, o Blog do Clube de Xadrez de Barra do Garças (www.cxbg.blogspot.com), notamos que há 29 postagens e quase mil acessos. Quando foi que sentiu a necessidade de registrar os eventos e atuar como um porta voz para o mundo do xadrez do CXBG?
OS: A idéia surgiu depois que fiz um curso de xadrez pedagógico e um curso de organização e arbitragem em xadrez, onde, em ambos, a idéia de criar um blog foi mencionada. Com a criação do CXBG foi possível concretizar essa idéia, pois a necessidade de divulgação dos acontecimentos do clube era fundamental para o seu crescimento.
Olavo Santos, em 2010, pela disputa do Aberto do
Brasil, em Goiânia-GO.
[Veja a matéria do Jornal A Gazeta do Araguaia]

XC: Além de Patrocínio da BioBarra, há outros patrocinadores ou alguma iniciativa dos governantes da cidade em prol a modalidade? 
OS: Diria que o maior parceiro do CXBG é o Laboratório de Análises Clínicas Labvita, pois sede sem ônus algum o espaço para o funcionamento do clube. Os enxadristas locais também contribuem muito para o funcionamento do clube com doações de mobiliários e empréstimos de jogos de peças, relógios e tabuleiros. Quanto à iniciativa dos governantes locais parece que um novo horizonte começa a se abrir para o CXBG. Segundo informação do Professor Júlio, recentemente a prefeitura de nossa cidade, aprovou um projeto pelo programa Segundo Tempo, que beneficia o xadrez de Barra do Garças. O Clube de Xadrez de Barra do Garças é e sempre será parceiro de todos aqueles que buscam desenvolver o xadrez.

XC: Existem projetos escolares?
OS: O projeto Xadrez das Cores é o único projeto que conheço existir nas escolas de nossa cidade. Recentemente fiquei sabendo que o xadrez estava sendo implantado em mais três escolas locais. Acho que se realmente o apoio da prefeitura se concretizar mais projetos devem ser desenvolvidos.
  
XC: Como vê a ascensão do Xadrez Feminino? No caso, no Brasil temos a Vanessa Feliciano, Juliana Terao, a própria Ana Vitória do nosso Estado e no mundo temos a Yifan Hou, Wenjun Ju, Ana Musychuk e a Judit que sempre esteve as melhores e, em Barra do Garças, por que esse público ainda não aparece ou não foi atingido pela modalidade?
OS: As mulheres cada vez mais vêm demonstrando competência em tudo que fazem, no xadrez não poderia ser diferente, o surgimento de grandes jogadoras tem demonstrado isso. Em Barra do Garças ainda não conseguimos desenvolver satisfatoriamente o xadrez feminino, mas esperamos que com a criação do Clube de Xadrez de Barra do Garças possamos em breve revelar grandes mulheres enxadristas.

XC) Ping!

a) Ídolo: Na vida meu pai, no esporte Ayrton Senna, no xadrez Mequinho
b) Melhor Matogrossense, em atividade: Tarciano Bandeira
c) Melhor do Brasil: Mequinho
d) Melhor do Mundo: Kasparovy
e) Melhor Professor: MI Leandro Perdomo
f) Melhor Filme: Game Over: Kasparov and The Machine
g) Melhor Livro: Xadrez Básico - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini

Palavras do barra-garcense, Olavo:

"Quero agradecer primeiramente a Deus por sempre guiar os meus passos e os passos dos meus familiares, colaboradores e amigos. Agradeço também minha esposa pelo apoio, dedicação e companheirismo; minhas filhas pelo amor incondicional e aos meus pais pelos ensinamentos. Finalmente não poderia deixar de agradecer aos enxadristas de Barra do Garças (Kozo, Mauro e Sidnei) que me incentivaram a voltar a jogar xadrez e ao meu amigo MI Leandro Perdomo que me auxilia nos treinamentos. "

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Entrevista: Vhêndala Pimenta


É uma foto com todas as minhas medalhas, e um presente de um amigo de São Paulo o Rubens.
(By Vhêndala Pimenta)
XC - Xadrez Cuiabano: Quem é Vhêndala? Quantos anos tem? E de onde veio?
VP - Vhêndala Pimenta: Sou estudante do 3º ano do ensino médio e enxadrista, e gosto muito de jogar xadrez. Tenho 15 ano, e venho da cidade de Rosário Oeste, 120 km de Cuiabá.
 
XC: Como foi que o Xadrez adentrou em sua vida?
VP: Aos 6 anos de idade, quando meu pai achou um jogo de peças e um tabuleiro antigo da infância dele, e me ensinou a jogar, gostei muito do jogo, porque envolve raciocínio, e como eu gosto de matemática, foi um grande aprendizado para mim.
 
XC: O Xadrez é Arte, Ciência, Esporte ou um Jogo?
VP: Para mim, o xadrez é muito mais que somente um jogo. É um conjunto de arte, ciência e esporte. Arte pelos belos lances, ciência pelo estudo e pelas possibilidades, e um esporte pela competitividade.
 
XC: Seus Pais, apoiam Você continuar a jogar?
VP: Sim, minha mãe sempre me diz que devo fazer o que gosto, por isso continuo a jogar. Ela me apoia em minhas decisões, e me ajuda a escolher os melhores caminhos.
 
XC: Qual o Colégio que estuda e ele apoia a modalidade? Como?
VP: Estudo no Colégio Isaac Newton, é uma escola que da apoio a muitos esportes, entre eles o xadrez, ele apoia com o desconto que recebo para representar o Colégio.
 
XC: Joga xadrez em quais sites? Qual o seu rating?
VP: Jogo de vez em quando no programa Jaque Mate, e agora neste mês estou assinando o ICC. Meu rating no programa Jaque Mate é 1400, e meu rating CBX é de 1810
 
XC: Participa de algum Projeto? Qual é? E como ele se desenvolve?
VP: Eu participei do projeto Xadrez nas Escolas, na cidade de Rosário Oeste, no mandato do ex-prefeito Zeno Gonçalves, eu participei mais ou menos nos anos de 2007 e 2008, mas o projeto já estava sendo realizado antes. Era aplicado o xadrez em praticamente todas as escolas da cidade, e também, todo ano tinha o Torneio Aberto de xadrez de Rosário Oeste. Depois que acabou o seu mandato, o xadrez morreu na cidade.
 
XC: Quem Você entende ser o seu principal rival?
VP: Acho que não tenho nenhum principal rival, só as meninas da minha categoria de outros estados.
 
XC: Como é uma mulher jogando no meio dos homens? (Haja vista o brilhante resultado da GM chinesa Hou Yifan, vice-campeã em Gibraltar.)
VP: É um pouco estranho, pois a maiorias dos jogadores são homens,mas para as mulheres é uma grande conquista e no xadrez isso é muito importante, pois mostra que a mulher cada vez mais vem ocupando um espaço, e tomara que algum dia, tenhamos uma campeã mundial mulher :D
 
XC: Já sofreu preconceito de alguma forma no meio do Xadrez?
VP: Não, nunca sofri nenhum preconceito.
 
XC: Como é o seu desempenho nos Torneios que joga (por categorias, sendo escolar, feminino e por idade, e os absolutos)?
VP: É até bom meu desempenhos em torneios que jogo, principalmente os escolares e os por categoria no meu estado, mas pretendo melhorar neste ano, para poder chegar a nível nacional.
 
XC: Quais os seus principais títulos?
VP: Foi o estadual escolar que me concedeu a vaga para as Olimpíadas escolares em 2010 na categoria B e 2011 na categoria A.
 
XC: Qual a sua meta no Xadrez?
VP: Atualmente Melhorar o meu desempenho nos torneios e conquistar títulos como o da Olimpíadas Escolares, e do Brasileiro por categorias.
 
XC: Quem é o seu carrasco?
VP: Acho que ninguém, não tenho medo dos outros jogadores, apenas admiração.
 
XC: Como Você vê o Xadrez Matogrossense?
VP: Como um esporte não valorizado pelo governo, apenas pelas pessoas que jogam, e que poderia ter crescido mais se não fossem os interesses políticos.
 
XC: Qual a dica que Você daria para contribuir com o desenvolvimento da modalidade em seu Estado?
VP: Ter uma federação regulamentada pela CBX.
 
XC: Sente falta de iniciativas públicas?
VP: Muito, no nosso estado não temos apoio nenhum do governo.
 
XC: Quem foi/é o seu professor? O que acha dele? E teria vontade de dar aulas de Xadrez?
VP: Meu primeiro professor foi o André Renato. Meu professor atual é o Pedro Antônio, ele é um ótimo professor. Não tenho vontade de aulas de xadrez, acho que porque não tenho vocação de ser professora. kk
 
XC: Todos conhecemos o Mequinho e sua história, sabemos de sua devoção a Deus. O que Você acha quando Mequinho diz: "Deus me ajudou a enxergar o lance." "Deus me ajudou a empatar aquela partida"?
VP: Acredito que vem da fé de cada um, e acredito também que a fé dele o levou a isso.
 
XC: Como encara o xadrez e as máquinas em seus estudos?
VP: Tenho meu notebook pessoal, onde tenho o ChessBase, e livros que baixo na internet. Gosto de estudar com o tabuleiro e o notebook do meu lado, assim assimilo melhor oque aprendo.
 
XC: Por falar nos computadores, Você também possui um blog (http://vhendala.blogspot.com/). Qual foi a sua intenção em criá-lo e o que acha dessa crescente e infindável números de blogs relacionados a Xadrez sendo criados?
VP: Já faz algum tempo que a minha mãe me dizia que eu devia criar um blog, não liguei muito, mas depois decidi levar o xadrez mais a sério, e o primeiro passo foi criando o blog, com o objetivo de divulgar o meu trabalho e desenvolvimento. Acredito que um blog só deve ser criado quando tem um objetivo.
 
PING!

a) Ídolo: Garry Kasparov
b) Melhor Matogrossense, em atividade: Ana Vitória 
c) Melhor do Brasil: Vescovi
d) Melhor do Mundo: Magnus Carlsen
e) Melhor Professor: Pedro Antônio
f) Melhor Filme: Lances inocentes
 
Palavras da jovem Vhêndala:
 
"Quero agradecer aos meus pais, ao meu professor Pedro Antônio, ao José Eduardo que tem acompanhado meus resultados, e a todas as pessoas que acreditam em mim. Obrigada a todos!"

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Entrevista: Ivoney Borges

"Esta foto representa o maior campeonato que já participei (World Youth Chess Championship 2011). Gosto desta foto porque eu nunca havia presenciado uma sala enorme com mais de mil enxadristas jogando ao mesmo tempo. E ao ver está foto me lembro das minhas partidas e da experiência que adquiri neste campeonato juntamente com o Antônio Leonardo, Lunna Vezaro e o professor Jesus Filho."
(By Ivoney Borges)
XC - Xadrez Cuiabano: Onde nasceu e quantos anos tem Ivoney Borges?

IB - Ivoney Borges: Eu nasci aqui em Cuiabá-MT e tenho 18 anos de idade.

XC: Como foram os seus primeiros lances, onde e quem foi o seu mentor no Xadrez?

IB: Aprendi a movimentar as peças, aos 12 ou 13 anos, com amigos que moravam próximos a minha casa, mas jogava com eles e apenas perdia então fui criando uma competitividade no esporte e queria melhorar para vencê-los. Até que um o dono da Cantina da escola Barão de Melgaço, professor Wilson Faval, tomou a iniciativa em dar aulas de xadrez na escola e foi ele que me ensinou o principio básico do jogo, ensinando o movimento das peças, como os movimentos especiais que eu não sabia como “roque”, tomar “en passant” e me ensinou um pouco de aberturas, meio jogo e final. E o outro mentor que tive foi os livros de xadrez.

XC: Depois que iniciou com o Xadrez, teve alguma dificuldade?

IB: De imediato, pois quando eu estudava na Escola Barão de Melgaço o professor Wilson ensinava bem e inscrevia todos os alunos deles nos torneios, mas quando eu mudei para a escola José de Mesquita eu que tive que começar a correr a traz, pois lá eles “nem sabiam” o que era o xadrez.

XC: Em que o Xadrez te ajudou nos fatores extra-tabuleiro?

IB: Concentração, autocontrole, raciocínio lógico, controle do tempo e outros.

XC: Como o seu relacionamento com o Seu Prof. Jesus Filho?

IB: O professor Jesus foi o meu professor de matemática no primeiro ano, em 2008, no então chamado CEFET, hoje IFMT. Às vezes eu levava um tabuleiro de xadrez para jogar nas aulas vagas no mesmo ano, desafiando os melhores do CEFET, mas os alunos viviam perguntando se eu havia jogado com o professor Jesus, mas eu ainda não havia, além do mais neste ano eu que tive que providenciar as minhas inscrições nos torneios e arrumar toda a papelada para a inscrição do JEB´s. Então em 2009, o professor Jesus me chamou para falar do projeto de xadrez que ele estava (ou está), querendo implantar no IFMT. No meu terceiro ano, o professor Jesus já havia iniciado com o projeto, fazendo vários torneios no IFMT em todos os Campi, e um no Campus Bela Vista e outro no Campus Cuiabá, o professor Jesus providenciou a minha inscrição do JEB´s e foi como técnico e nós jogávamos ping nas horas vagas nos dias do torneio. E no ano passado, em 2011, o professor Jesus conseguiu fazer através do IFMT, CONTAUD e do SINASEFE com que eu fosse juntamente com a aluna do Campus Bela Vista Lunna Vezaro para o Campeonato Mundial da Juventude, world youth chess championship 2011, realizado em Caldas Novas-GO.

XC: Quais as suas principais conquistas enxadrísticas? E nos conte um pouco das suas participações nos JEB's.

IB: Eu tinha varias conquistas com o xadrez, mas eu gosto de me lembrar do meu primeiro estadual de xadrez na categoria sub 14, eu com 14 anos e tendo iniciado a fazer aula de xadrez aos 13 anos, havia muitos jogadores no torneio, mas eu com garra consegui vencer, ganhando de jogadores que jogavam a bem mais tempo. Eu fui apenas duas vezes ao JEB´s, a primeira foi no ano de 2008 e a segunda em 2010. Na primeira vez foi em João Pessoa-PB, foi legal, mas foi o meu primeiro torneio brasileiro, e eu me julgava estar no nível muito abaixo dos meus adversários, então fiquei quase na ponta do torneio, mas não entre os primeiros. E na segunda o torneio foi realizado em Goiania - GO, desta vez eu estava mais confiante, acreditando que não havia ninguém melhor que eu, que todos os jogadores estavam no mesmo nível, então fiquei melhor colocado que da primeira vez, conseguindo a segunda colocação no JEB´s 2010.

XC: Qual o seu sonho na modalidade?

IB: Ser reconhecido como um grande jogador mundialmente.

XC: O que falta para o Xadrez Matogrossenses? Você já fez algo para mudar essa realidade?

IB: Falta maior participação dos jogadores nos torneios, pois existem muitos jogadores que por algum motivo se afastam, por exemplo, se todos esses jogadores os jogadores mato-grossenses que estavam afastados participassem de um torneio, uma sala apenas não seria suficiente para todos os jogadores. É, eu tento fazer algo para mudar essa realidade, às vezes eu convido alguns colegas da escola para participar dos torneios. Por exemplo, a Elisangela Ferreira, Lunna Vezaro (que depois que parou de fazer aula no CIN, parou de participar dos torneios).

XC: Quanto é importante conciliar o Xadrez e a Escola? 

IB: Claro. Um exemplo disso, e quando eu fui arrumar a papelada com a escola para ir para o JEB´s. O Diretor de Ensino tinha que assinar um termo de responsabilidade, e quando eu estava na sala dele, ele viu no sistema o meu boletim para verificar se eu estava com boas notas, e ele viu uma nota 6 no meu boletim(sendo que a média era 7), mas eu falei para ele que recuperei na recuperação como mostra o boletim.

XC: Como é o Projeto de Xadrez no IFMT? 

IB: Temos Peças, Tabuleiros, relógios, vontade de jogar, alunos interessados, só não temos uma coisa... uma sala iniciar o projeto.

XC: Como foi a sua experiência no Mundial em Caldas Novas-GO em 2011?

IB: Foi uma experiência muito, muito, muito legal. Conheci muitas pessoas, joguei com enxadristas de diversos países, percebi a enorme diferença dos outros países para o Brasil, não apenas no nível de jogo, mas politicamente falando, o mundial foi no Brasil, mas, por exemplo, havia mais estadunidenses que brasileiros. Além do mais eu treinei o meu inglês e espanhol.

XC: Como foi vencer o atual campeão Matogrossense no Estadual de 2010?

IB: Foi apenas uma revanche, pois ele havia me ganhado em um torneio anterior. O placar está 1-1.

XC: Como Você orienta os seus estudos? Tem alguma dica para enxadristas que estão começando?

IB: Eu leio livros, analiso partidas de mestres e jogo um pouco na internet. Para os enxadristas que estão começando eu recomendo o livro Xadrez Vitorioso – Táticas, ele me ajudou muito no primeiro torneio que venci (já li ele mais de 4 vezes hahaha, mas apenas da primeira vez que tem uma melhora significativa).

XC: O que Você diria (ou já deve ter dito) quando dizem: "Xadrez é coisa de NERD!"?

IB: Eu fico quieto, pois nunca nenhum enxadrista falar isso, todas as pessoas que falam isso são as que não sabe jogar, e não conhece esse extraordinário jogo de estratégia onde vence aquele que possuir maior criatividade, e organizar o seu exercito antecipando a mente do adversário.

XC: Você não tem rating fide, ainda, acha que este é o melhor momento para ter o ranking? Com quantos pontos acha que deveria começar o seu?

IB: Não tenho rating fide, mas acho que ainda não é o melhor momento para criar o ranking, pois depois que cria o rating fica mais difícil para subi-lo do que criar blocos altos. No momento atual, achei que estava melhor, mas acho que o meu rating deve estar por volta de 2000.

XC: Acha que este ano Você foi prejudicado com a realização do CONTAUD 2011 em concomitância com o ENEM?

IB: Não. Não é apenas que não pude participar como jogador do torneio que fui prejudicado, pois eu participei do CONTAUD como observador, analisando as partidas dos jogadores locais e dos mestres nos horários que não se coincidiam com o da prova.

XC: O que Você acha das Redes Sociais (orkut, facebook, twitter, badoo, etc etc etc)? E dos blogs?

IB: Essas redes sociais e blogs são a melhor forma de comunicação, pois é simples, rápida e melhor e de graça. Graças a essas redes sociais as noticias não transmitida para varias pessoas de forma eficiente. E para o xadrez elas são excelentes, pois eu posso postar fotos, vídeos e datas dos torneios. Se bem usadas as redes sociais podem ajudar, senão elas podem até vir a atrapalhar.

XC: Você possui um blog, (http://xadrezifmt.blogspot.com/) relatou algumas informações do I CONTAUD INTEREQUIPES e deixou-o de alimentá-lo, o que faltou para dar continuidade a ele?

IB: Eu criei este blog para divulgação dos torneios do projeto de xadrez no IFMT, mas eu o parei de alimentá-lo, por que não houve nenhum outro torneio que envolvia vários alunos do IFMT, acho que por causa da greve, mas eu pretendo reativar o blog este ano.


XC) Ping!

a) ÍDOLO: Kasparov.

b) MELHOR MATOGROSSENSE, na atualidade: Ana Vitória.

c) MELHOR DO BRASIL: Vescovi

d) MELHOR DO MUNDO: Kasparov.

e) MELHOR PROFESSOR: Wilson Faval.

f) MELHOR FILME DE XADREZ: Lances Inocentes (É o único filme de xadrez que eu assisti).

Palavras do Ivoney:

Agradeço a todos que acreditam no meu potencial no xadrez e acredito no xadrez matogrossense.